Simão morreu a caminho da Índia. Teresa faleceu num convento.
Não morreram de qualquer doença ou enfermidade.
Morreram de amor.
Morreram dos beijos que não deram e dos abraços que ficaram por dar.
Morreram dos sonhos que nunca conseguiram realizar.
Morreram da vida que não os deixaram viver.
Morreram do amor que lhes foi negado na Terra e que foram encontrar no Céu.
Ali, Simão procurou Teresa, sem descanso, rua a rua, porta a porta, sem a conseguir encontrar.
Muito triste, exausto, sentou-se no chão diante de uma oficina, onde um velho carpinteiro trabalhava na construção de um cavalinho de madeira.
O velho carpinteiro, olhou para Simão, aproximou-se da porta e perguntou:
- O que fazes aí sentado?
- Estou cansado, procuro uma mulher – respondeu Simão.
O velho sorriu e disse-lhe:
– Vais encontrá-la, ninguém foge do amor.
- Leva essa bicicleta, vai à Praça dos Anjos, pergunta por Santo António e pede-lhe uma flor.
Simão, atrapalhado, surpreendido, sem palavras, agradeceu, montou a bicicleta e partiu, correndo.
No dia seguinte, quando Simão descia a Rua da Estrela, junto ao Largo das Nuvens, viu uma linda rapariga, vestida de branco, passeando tranquilamente, com olhos de amor.
Para quem não sabe, os olhos de amor têm uma cor entre o azul e o verde, entre o mar e o céu.
Naquele momento, as gaivotas, amigas, gritaram:
– Pára, Simão, é ela, anda à tua procura.
Simão obedeceu, parou. Não queria acreditar, era Teresa, realmente. Mas quem seria aquele que estava junto dela? Seria o seu primo Baltazar?
Não. Baltazar era feio, sem jeito, gordo, zangão e não tinha aquele ar compreensivo e generoso de quem sabe como se escreve a palavra amor.
Estavam longe os tempos do Homem na Terra. Era o tempo do Homem no Céu.
Aquele era um homem bom e pretendia certamente ajudar Teresa.
Foi aquele homem que chamou à atenção de Teresa para Simão.
- Espera Teresa, repara naquele rapaz da bicicleta, ali no Largo das Nuvens, não pára de olhar para ti.
Foi então que o olhar de ambos se encontrou, ouviu-se um forte trovão, um raio de luz iluminou todo o largo e a temperatura subiu como se o Sol ali estivesse também.
Simão correu, gritando:
- Amor, amor, amor, amor, amor de perdição!
Os corações encontraram-se num beijo sem fim…
Duarte Ferreirinha [6º B]
Trabalho Vencedor do Concurso Literário:
"Quem conta um conto acrescenta um ponto"
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